domingo, 14 de janeiro de 2018

O mundo de ontem


Aqui está um dos livros que mais gostei de ler em 2017. A pretexto de uma herança de uma colecção de 264 netsuke, Edmund de Wall conta-nos a história da sua família, os Ephrussi, judeus originários de Odessa que se instalam em Paris e Viena no século XIX. Charles Ephrussi serve de inspiração a Marcel Proust como modelo do esteta Swann em Em Busca do Tempo Perdido. Apaixonado pelo coleccionismo, Charles compra os netsuke quando os objectos japoneses fazem furor nos salões parisienses,  e envia-os posteriormente como presente de casamento ao primo banqueiro em Viena. Mais tarde, três crianças brincam com a colecção, até que a História lhes cai em cima e a Segunda Guerra Mundial vota o grande império da família ao esquecimento, restando apenas essa colecção de netsuke, subtraídos do gigantesco palácio vienense, na altura ocupado pelos nazis, um a um, no bolso de uma fiel criada, e escondidos depois no seu colchão de palha.

Para além de um apaixonante livro de memórias no qual acedemos à vida de pessoas extraordinárias, é-nos também contada a tumultuosa história dessa Europa novecentista que soçobra no século XX.

1 comentário:

Patrícia disse...

:)

Ainda não o li, espera a vez há demasiado tempo.
Anatole France serviu de inspiração à personagem de Bergotte, Alfred Agostinelli, seu secretário, a Albertine, Sarah Bernhardt à La Berma e Charles Ephrussi ao pobre Swann.
(E não lhes poupa críticas.)
Se tivesse a certeza de que viveria longos e saudáveis anos, era bem capaz de reler a obra-prima de Proust todos os anos.

Beijinho.